quinta-feira, 24 de abril de 2008

Uma nova canção - parte 2

Subiu as escadas lentamente. Pensava nas coisas que iria dizer a ela. Quarto andar, apartamento 402. Tocou a campainha.
Ela abriu. Vestia uma calça de moletom velha e uma regata branca. Tentou sorrir, mas a seu rosto estava vermelho e molhado. Havia chorado recentemente.
- Oi. Não te esperava... Desculpa meu estado.
- Não tem problema. Não pretendo demorar muito. – ele respondeu friamente.
Sentaram, ele numa poltrona e ela numa cadeira mais afastada. Ele estendeu o papel dizendo:
- Toma. Fiz pra ti.
Ela pegou o papel. Passou os olhos por cima. De seus olhos brotaram algumas lágrimas, que tratou de secar com os punhos.
- O que é isso? – questionou ao visitante.
- É uma música. Fiz pra ti. Fala da nossa separação e do que eu tô sentindo.
Ela seguiu lendo. A cada verso que lia, novas lágrimas escorriam pelo seu rosto. Parecia não entender o que estava acontecendo. Começou a ficar nervosa e irritada, prestes a explodir.
- Não tô entendendo, Marcelo! Ontem a gente transou, tu virou pro lado e disse “Aline, não quero mais ficar contigo. Preciso da minha independência de volta e blá-blá-bla...” e agora tu me vem com uma musiquinha toda cheia de “meu amor por você” e “preciso de ti”... Que porra é essa? Me explica!
- Nem tudo nessa vida tem explicação. Foi um prazer. Te cuida, guria! – disse, fechando a porta atrás de si. Foi embora.
Caminhou um pouco. O sol já se punha no horizonte. Achou um boteco na esquina. Meteu a mão no bolso e contou as moedas. Entrou no bar e comprou uma lata de refrigerante. Acendeu um cigarro e seguiu caminhando. Ora bebia da lata, ora tragava o cigarro.
Chegou em casa e sentou no sofá. Sentiu-se aliviado. “Que fome... Acho que posso comer algo antes de começar”. Abriu a geladeira e tirou uma caixa com três fatias geladas de pizza. Abocanhou uma e dirigiu-se à sala. Agarrou a Lês Paul e ligou-a no seu amplificador Marshall valvulado. Desferiu o primeiro acorde com fúria e com volume. Gostou do que ouviu. “É isso aí, baby!”.
Tocou durante duas horas, aproximadamente. Anotou cada verso da melodia que acabara de compor. Alguém bateu à sua porta. Ao abrir a porta, sorriu.
Um outro rapaz adentrou o recinto. Abraçaram-se. O amigo logo perguntou:
- E aí, Marceleza... Como é que foi com a mina?
- Olha... Foi normal. Ela chorou e perguntou as coisas de sempre. Eu virei as costas e fui embora. Simples como todas as outras. – respondeu.
Colocou a guitarra em volta do pescoço e começou a tocar sua nova composição para o amigo, que escutou atentamente.
- Tu é muito foda, velho! Com essa aí, já temos 10 músicas. Já dá pra gravar o nosso primeiro CD! – constatou o visitante.
- É... Vou ligar pro resto dos guris. Vâmo gravar essa como nosso hit principal. Dessa vez a gente vai decolar!

Continua...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Uma nova canção - parte 1

Sentado em seu sofá, dedilhava em sua guitarra - uma Gibson Les Paul dourada - um dissonante acorde. Olhava para a caneta deitada ao lado do papel em branco na mesinha. Precisava escrever, mas simplesmente não conseguia. Não parava de pensar no que aconteceu...
Levantou, deixou seu instrumento apoiado no sofá e foi até a cozinha. Abriu a geladeira e puxou uma cerveja do fundo. Retirou o lacre e deu um longo gole. Voltou à sala do seu pequeno apartamento. “Não consigo escrever nada... Porra!”.
Escancarou a janela, deixando a claridade entrar, fazendo seus olhos doerem. Eram quatro da tarde e até então não havia visto a luz do sol. Sentiu um leve enjôo. Bebeu mais um gole.
Agarrou o celular e checou se havia alguma ligação perdida, ou até mesmo uma mensagem não lida. Nada... “Será que ela vai ligar? Será que ela vai dar sinal de vida?”.
Bocejou. Não havia dormido direito. A madrugada passada tinha sido longa e torturante. E para ajudar, os latidos infernais do cachorro da vizinha estavam tirando-o do sério. “Merda de cachorro. Pelo menos a dona dele é gostosa, mas o namorado dela é um imbecil de marca maior...”.
Tomou um fôlego para tentar afastar o enjôo e sentou-se, decidido, no sofá mais uma vez. Iria escrever a qualquer custo, afinal nunca havia tido dificuldades para escrever essas coisas. Era a terceira vez em menos de um ano que ele fazia isso.
Não era fácil levar esse tipo de vida. Músico, fotógrafo, poeta, artista multi-performático. “Patético, pilantra e sem dinheiro... isso sim!” Pretendia lançar a sua banda nas rádios da cidade. Queria fazer sucesso. Pensava nas primeiras palavras que escreveria, mas nada vinha. “Devo ter esgotado minha genialidade”. Riu-se. Gargalhou.
Acendeu um cigarro e tragou. Dirigiu-se ao papel e desferiu os primeiros versos do que viria a ser uma música, talvez um poema. Afastou-se e observou. “Ficou bom... Vamos lá!” Num ritmo quase frenético atravessou as linhas do papel com versos carregados de sentimento. Sentimentos verdadeiros? “Quem se importa?” Terminou. Parecia ter psicografado uma mensagem do além.
Levantou-se com a folha na mão e caminhou em direção ao quarto. No caminho, desviou das tralhas espalhadas pelo chão de seu apartamento. “Isso tá um lixo. Preciso chamar uma diarista... Parece um chiqueiro!”.
Olhou em cima da cama e viu sua camiseta. Vestiu-a e partiu em direção à porta. Ia ao encontro dela. Pegou um ônibus.
Desceu no ponto que ficava mais perto do endereço que procurava. Caminhou duas quadras adentro e parou diante do prédio. Tocou o interfone.
- Sou eu... Abre.

Continua...

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Contando o Caos

Saudações aos visitante deste humilde blog!
Resolvi render-me ao mundo virtual das idéias e, após um incentivo de algumas pessoas, criei este pequeno caos.
Nem sei exatamente o objetivo deste blog! Contos? Histórias? Curiosidades?
Só sei que não terei a preocupação de escrever algo apenas por escrever.
Não tenho a pretensão de ser um contista, ou quem sabe um comentarista... Tenho a intenção de ser verdadeiro!
Meu compromisso é comigo mesmo.
Minha missão é expor meu lado pseudoescritor!
Espero que seja divertido.

Sejam bem-vindos ao meu pequeno mundo caótico!