segunda-feira, 21 de abril de 2008

Uma nova canção - parte 1

Sentado em seu sofá, dedilhava em sua guitarra - uma Gibson Les Paul dourada - um dissonante acorde. Olhava para a caneta deitada ao lado do papel em branco na mesinha. Precisava escrever, mas simplesmente não conseguia. Não parava de pensar no que aconteceu...
Levantou, deixou seu instrumento apoiado no sofá e foi até a cozinha. Abriu a geladeira e puxou uma cerveja do fundo. Retirou o lacre e deu um longo gole. Voltou à sala do seu pequeno apartamento. “Não consigo escrever nada... Porra!”.
Escancarou a janela, deixando a claridade entrar, fazendo seus olhos doerem. Eram quatro da tarde e até então não havia visto a luz do sol. Sentiu um leve enjôo. Bebeu mais um gole.
Agarrou o celular e checou se havia alguma ligação perdida, ou até mesmo uma mensagem não lida. Nada... “Será que ela vai ligar? Será que ela vai dar sinal de vida?”.
Bocejou. Não havia dormido direito. A madrugada passada tinha sido longa e torturante. E para ajudar, os latidos infernais do cachorro da vizinha estavam tirando-o do sério. “Merda de cachorro. Pelo menos a dona dele é gostosa, mas o namorado dela é um imbecil de marca maior...”.
Tomou um fôlego para tentar afastar o enjôo e sentou-se, decidido, no sofá mais uma vez. Iria escrever a qualquer custo, afinal nunca havia tido dificuldades para escrever essas coisas. Era a terceira vez em menos de um ano que ele fazia isso.
Não era fácil levar esse tipo de vida. Músico, fotógrafo, poeta, artista multi-performático. “Patético, pilantra e sem dinheiro... isso sim!” Pretendia lançar a sua banda nas rádios da cidade. Queria fazer sucesso. Pensava nas primeiras palavras que escreveria, mas nada vinha. “Devo ter esgotado minha genialidade”. Riu-se. Gargalhou.
Acendeu um cigarro e tragou. Dirigiu-se ao papel e desferiu os primeiros versos do que viria a ser uma música, talvez um poema. Afastou-se e observou. “Ficou bom... Vamos lá!” Num ritmo quase frenético atravessou as linhas do papel com versos carregados de sentimento. Sentimentos verdadeiros? “Quem se importa?” Terminou. Parecia ter psicografado uma mensagem do além.
Levantou-se com a folha na mão e caminhou em direção ao quarto. No caminho, desviou das tralhas espalhadas pelo chão de seu apartamento. “Isso tá um lixo. Preciso chamar uma diarista... Parece um chiqueiro!”.
Olhou em cima da cama e viu sua camiseta. Vestiu-a e partiu em direção à porta. Ia ao encontro dela. Pegou um ônibus.
Desceu no ponto que ficava mais perto do endereço que procurava. Caminhou duas quadras adentro e parou diante do prédio. Tocou o interfone.
- Sou eu... Abre.

Continua...

Um comentário:

Anônimo disse...

bah meu afude!!!!
da p fazer um curta!
abraço!!!

ps: TERMINA ESSA PORRA Q FIQUEI CURIOSO!!!