quarta-feira, 18 de junho de 2008

Denominador Comum

(imagem cedida especialmente para este conto pelo artista plástico e ator Ricardo "Caveira" Zigomático)


Ele não entendia as carências dela,
Ela não entendia o individualismo dele.
Ele trabalhava muito,
Ela passava as tardes em casa.
Ele havia parado de estudar,
Ela fazia sua pós-graduação.
Ele gostava de futebol,
Ela gostava de meditar.
Ele possuía amigos em demasia,
Ela confiava apenas nela mesma.
Ele queria viajar,
Ela queria ter filhos.
Ele desejava descansar aos sábados,
Ela queria dançar.
Ele vivia na realidade,
Ela criava seu próprio mundo.
Ele se sentia preso,
Ela se sentia sozinha.
Ele se perguntava se ainda gostava dela.
Ela queria conhecer gente nova.

O tempo...
A festa...
A bebida...
A discussão...

Ele entrou no carro,
Ela chorava muito.
Ele gritava,
Ela tapava os ouvidos.
Ele dirigia rápido,
Ela estava sem o cinto.
Ele não notou o outro carro,
Ela viu a luz no cruzamento.
Ele nem sentiu nada,
Ela agonizou por alguns segundos.

Enfim, algo em comum: Foram velados de caixão fechado!


Fim.

2 comentários:

Patrícia disse...

O melhor até agora.
Fúnebre, mas ótimo!

Anônimo disse...

talvez eu cite este texto nos meu artigos, HEHE.
arrasou!